É muito comum ouvirmos no dia a dia escolar, qual a melhor forma de estudar e de aumentar o rendimento na escola. Mas a pergunta que melhor define esse problema é: “Como aprendemos?”, pois se soubermos a resposta para essa pergunta podemos direcionar nossos esforços para estratégias mais eficazes com relação ao aprendizado da língua inglesa.
A resposta para essa pergunta se baseia em três pontos: Entender, Aprender e Fixar. Basicamente, Entender ocorre na sala de aula. Assistir uma boa aula contribui muito para o entendimento. Quantas vezes nós, em sala de aula, levantamos a mão e falamos: “Professor eu não entendi”. Ficaria estranho se falássemos: “Professor eu não aprendi”. Assim, entender é o primeiro passo para o aprendizado. O processo neuronal do entendimento necessita de uma memória denominada memória de trabalho. Essa memória está localizada no Lobo Frontal (parte anterior no nosso cérebro) e é utilizada todos os dias para integrarmos os novos conhecimentos que adquirimos com os que já possuímos. Dessa forma, uma aula bem dada pode fazer links que se aproximam da nossa realidade com os novos conhecimentos, facilitando a compreensão e automaticamente começamos a nos interessar mais pela aula e pelo estudo, pois vemos um significado no aprendizado. Caso a aula seja baseada em termos e/ou expressões desconhecidas, nós não correlacionaremos, não ocasionando à integração dessas novas informações e o entendimento não ocorrerá. Em muitos momentos em sala de aula nós escutamos o que o professor fala e não entendemos praticamente nada. Somos fluentes em português e simplesmente não entendemos nada, pois as informações que estamos ouvindo não fazem parte de nossa memória de trabalho, não havendo integração e assim, impossibilitando a compreensão. O importante é vermos o conteúdo que se ensina de forma significativa.
O Aprender ocorre no estudo em casa, geralmente sozinho, quando fazemos revisões e tarefas relacionadas ao assunto visto (entendido), de preferência no mesmo dia. Rever o que foi entendido dá subsídios para o nosso cérebro entender a importância de fixar esse conteúdo. Ao reforçarmos o conteúdo com um estudo bem feito, dizemos para o nosso cérebro: “Isso é importante, guarde para mim”. Um método bem interessante que ajuda muito a aprendizagem é estudar fazendo resumos. O resumo estimula nossa mente, pois temos que ler o conteúdo, pensar sobre ele e escrever o que entendemos. Temos aqui três estímulos: ler, pensar sobre, e escrever. Dessa forma, estamos contribuindo para que nosso cérebro reforce esse conteúdo. Assim, quando formos dormir ocorrerá o último ponto, o Fixar.
Fixar relaciona-se diretamente ao sono, ou seja, dormir bem para ter uma boa fixação dos conteúdos. O sono – ou melhor, as diversas fases do sono – representam a existência de formas funcionais alternativas de organização do cérebro e não a ausência de atividade neurônica coordenada. O sono é basicamente dividido em duas fases. Uma fase de sono profundo e outra conhecida como sono REM (Rapid Eye Moviments – movimentos rápidos dos olhos), quando sonhamos. Fazemos de 4 a 6 ciclos bifásicos por noite de 90 a 100 minutos de duração. Trabalhos já mostraram que é na fase de sono REM que consolidamos nossas memórias, mas nosso cérebro fará essa consolidação somente para as informações que realmente forem importantes. Assim, o reforço dos conteúdos entendidos no mesmo dia, fará com que o seu cérebro entenda que essas informações são importantes e que devem ser guardadas. Dessa forma, ter uma regularidade e uma qualidade de sono é muito importante para o aprendizado.
O lema que muito de nós já escutamos: “Aula dada, aula estudada hoje”, tem muito fundamento, pois se baseia no funcionamento básico de nosso cérebro. Estudar todos os dias, mesmo que seja pouco, nos prepara para sermos melhores a cada dia e nos impulsiona para as conquistas que tanto almejamos.
Autor: Professor Doutor Alexandre Resende
Biólogo graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, mestre e doutor em Morfofisiologia do Sistema Nervoso pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. De 2002 a 2009 desenvolveu projeto de pesquisa na área de Neurobiologia enfatizando o estudo da neuroregeneração em doenças neurodegenerativas e neurotraumas pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
De 1998 a 2018, atuou como professor de ciências e biologia no ensino fundamental, médio, pré-vestibular e técnico.
Atualmente, é docente na área de Neurociência aplicada a Educação pela PUC-Campinas e pelo Instituto Brasileiro de Formação de Educadores (IBFE). É docente responsável pelas disciplinas: Introdução as neurociências aplicada ao consumo e Neurociências no processo de tomada de decisão no consumo, na Pós em Neuromarketing pela INOVA Business School. Ministra o Master em Neurociência e Educação pelo IBFE e Neurociência nas Vendas e no Consumo pelo INOVA Business School.
É coordenador da Faculdade de Pedagogia da Unità Faculdade e coordena a Pós-Graduação em Metodologias Ativas em São Paulo e região pelo IBFE.
Atua também como professor de Fisiologia, Biofísica, Histologia, Biologia Celular e Processo Ensino-Aprendizagem na Vida Universitária junto a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Desde 2013 desenvolve na PUC-Campinas, Prática de Formação visando o estudo do cérebro na aprendizagem e memória, intitulada Neurociência e Educação.
Realiza anualmente treinamento, palestras, conferências e oficinas sobre Neurociência em Empresas, Escolas, Universidades e Congressos.
É professor de Neurofisiologia no curso de Pós-Graduação em Neuropsicologia da Infância junto a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, desde 2014. Além disso, é o professor responsável do curso de extensão Mente, Cérebro e Envelhecimento e Neurociência e Qualidade de Vida junto a Universidade da Terceira Idade da PUC-Campinas e do curso de extensão em Neurobiologia da Aprendizagem pela PUC-Campinas, desde 2014 e docente da Especialização em Neuroaprendizagem: Neurociência, metodologias e tecnologia da PUC-Campinas.